capoeira 1a

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quarta-feira, 16 de abril de 2014

Capítulo 3 / A CAPOEIRA. "Capoeira angola: ensaio sócio-etnográfico.", de Waldeloir Rego.

"Não havia academias de capoeira, nem ambientes fechados, premeditadamente preparado para se jogar capoeira. Antigamente, havia capoeira, onde havia uma quitanda ou uma venda de cachaça, com um largo bem em frente, propício ao jogo." (REGO, Waldeloir. Capoeira Angola: ensaio sócio-etnográfico. 1968. pg. 35) 

O autor não tem como afirmar através de documentação que os primeiros negros que aqui chegaram vieram de Angola. Pela escassez de documentação e se baseando em conversas com antigos capoeiras, Waldeloir acredita que tenham sido sim os angolanos, os primeiros negros a chegarem no Brasil e de que foi aqui que eles inventaram a capoeira. Os negros gostavam muito de festas e a partir dos folguedos que aqui encontraram, desenvolveram novos folguedos. Neste capítulo, o autor defende a ideia de que a origem da palavra capoeira para o jogo, tenha nascido do macho da ave capoeira. Ele também afirma que capoeira é uma só. Que o que ocorreu foi que mestre Bimba achando a capoeira angola fraca, algo mais voltado para a educação física, desenvolveu novos golpes além dos tradicionais a partir de lutas como o judô, o jiu-jitsu, entre outros, como também incluiu alguns detalhes da coreografia do maculelê. E assim, deu origem à capoeira regional. A capoeira veio se desenvolvendo, recebendo toques e aperfeiçoamentos pessoais pelos seus mestres e em constante diálogo com o contexto sócio-econômico cultural de suas épocas. Um exemplo, é que quando a capoeira era proibida assim como o candomblé, existiam específicos toques (aviso e cavalaria) dados pelo berimbau. O toque 'aviso' era para avisar a chegada do senhor de engenho. O toque 'cavalaria' era para denunciar a presença do famoso Esquadrão de cavalaria. Muitos golpes foram esquecidos. Apesar das regras no jogo, o capoeira era livre para improvisar golpes. Não existia uma instituição para se jogar capoeira. Era ao ar livre. A capoeira independe da religião, do candomblé, mas o autor relata desavenças e lutas entre mestres que usavam do candomblé de maneira desrespeitosa e perigosa arreando ebós para prejudicar o andamento do outro mestre. Exú é o senhor dos caminhos, ele não é bom nem é mal. Essas são qualidades do homem. Ele apenas atendia ao pedido. Existem relatos também de confusões geradas nas rodas de capoeira pois assim como ela era um divertimento, ela também era palco de lutas nos momentos oportunos. 

"Em tudo era notada a presença do capoeira,, mui especialmente nas festas populares, onde até hoje comparecem, embora totalmente diferentes de outrora. Em toda festa de largo profana, religiosa ou profano-religiosa, o capoeira estava sempre dando o ar de sua graça. Suas festas mais preferidas eram a de Santa Bárbara no mercado do mesmo nome, na Baixa dos Sapateiros, festa da Conceição, cujo local de preferência era a rampa do mercado e adjacências; festa da Boa Viagem, festa do Bonfim, festa da Ribeira, festa da Barra, tão famosa e hoje totalmente extinta; do Rio Vermelho, Carnaval e muitas outras."  (REGO, Waldeloir. Capoeira Angola: ensaio sócio-etnográfico. 1968. pg. 37) 

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