capoeira 1a

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quinta-feira, 24 de abril de 2014

INRODUÇÃO. "Capoeira Angola: educação pluriétnica corporal e ambiental.", de Jorge Conceição.

"A capoeira, assim como o candomblé e outras expressões culturais dos africanos, está no nosso contexto atual, como um grande exemplo de veículo para os ensinamentos de conteúdos que fortalecem a solidariedade e a estima de crianças, jovens e orientadores afrodescendentes nas escolas públicas. Podemos observar nos ensinamentos dos mestres mais antigos, associados aos movimentos ou evolução corporal durante as rodas, várias mensagens de fortalecimento da consciência humana para uma plena saúde corporal (espiritual) e ambiental (ABIB, 2005)." (CONCEIÇÃO, Jorge. Capoeira Angola: educação pluriétnica corporal e ambiental. 2009. pg. 11).

"(...) por isto, este domínio da natureza corporal é também, sabedoria para se relacionar com o ambiente integral, é possibilidade de dois corpos se encontrarem com mais sensualidade e cuidado (...) (SOARES, 2001)." (CONCEIÇÃO, Jorge. Capoeira Angola: educação pluriétnica corporal e ambiental. 2009. pg. 12).

"Conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos. E é como sujeito e somente enquanto sujeito, que o homem pode realmente conhecer." (FREIRE, Paulo).

"Morin observa que, ter "a cabeça feita" é permitir uma constante mutação ou renovação do nosso olhar sobre qualquer realidade caracterizada por complexas representações sociais ou diversidades culturais." (CONCEIÇÃO, Jorge. Capoeira Angola: educação pluriétnica corporal e ambiental. 2009. pg. 14).

"A capoeira que será incorporada nos meios acadêmicos ("recriada por Mestre Bimba") não terá nas suas performances e filosofia a presença das raízes ecológica (ancestrais) das quais, a Capoeira Angola descende (...) Os mestres de capoeira (dos mais tradicionais aos mais contemporâneos), os professores de educação física, os educadores de um modo geral, demais estudiosos e praticantes das diversas modalidades de capoeira estão limitados num conceito e práticas, o jogo") que não nos permitem uma visão mais profunda do conteúdo ecológico (corporal e ambiental) intrínseco na cosmovisão ancestral do povo Banto e que outras espécies de animais, "menos racionais", coreografam nos seus movimentos." (CONCEIÇÃO, Jorge. Capoeira Angola: educação pluriétnica corporal e ambiental. 2009. pg. 16).

A capoeira tem sido vista majoritariamente como um jogo lúdico e/ou uma arte de defesa corporal. Mostra-se necessário e de fundamental importância que novos estudos se aprofundem mais nos conteúdos da capoeira a fim de perceberem nela as inúmeras possibilidades de relação com o meio ambiente (a natureza) e a espiritualidade (independente de religião; espírito como princípio imaterial, substância incorpórea e inteligente, essência, ideia predominante, sentido, significação.), agindo desta forma na  nossa auto-estima, afrodescendentes que somos. Durante a colonização, os negros foram escravizados e sua cultura alienada e perseguida (além de ser legalmente tida como crime) de tal forma que estes mesmos seres vivos de sujeito passaram a objetos desvalorizados espiritualmente mas valorizados como mão de obra barata e submissa. A capoeira nasce, então, da alegria desses escravos em resposta a seus colonizadores a fim de transformar a dor e como uma forma de defesa. Repensar a capoeira nesse sentido vai de encontro com o pensamento freiriano que defende a ideia de que o indivíduo deve ser o sujeito da sua própria educação e não objeto. Repensar a capoeira para além do turismo folclórico e da vida acadêmica, revisitando sua ancestralidade filosófica de vida. 

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